* Agnevan do Nascimento &
*Sônia Alves Badaró de Araújo
Na contemporaneidade estamos presenciando mudanças das relações interpessoais em razão da mediação do computador conectado à internet. As mudanças nas tecnologias intelectuais perpassaram do pólo da oralidade, para o pólo da escrita até chegar à contemporaneidade ao pólo informático-midiático, produzindo novas formas de ler, escrever, pensar e aprender.
Segundo Caiado (2005), neste ambiente virtual surgem novos gêneros digitais incluindo, o weblog, que trata de uma nova versão, tendo como suporte o computador em substituição aos antigos diários personalizados e escritos à mão.
O weblog trata-se de um gênero textual emergente dos últimos cinco anos. “Os blogs abrem mais uma possibilidade de articulação entre as linguagens oral e escrita” (CAIADO, 2005). Há uma mudança radical entre a forma, espaço e suporte utilizados, que Ramal descreve
No blog, as letras concretas e palpáveis se transformam em bytes digitais, a página em branco do caderno ou da agenda, tornou o campo do monitor, o lápis é o teclado e a uma estranha separação entre o nosso corpo, real, e o texto, virtual ( RAMAL, 2002).
A ortografia digital contraria as normas ortográficas vigentes da Língua Portuguesa e constituem preocupações constantes para algumas instituições de ensino, professores, pais e alunos. Segundo a autora “No ciberespaço os adolescentes internautas possuem blog para virtual e coletivamente registrar os que os sufocam e exibir suas formas de ver o mundo”. Por essa razão pode-se dizer que os adolescentes transgridem de forma intencional a norma ortográfica vigente. É que os adolescentes perceberam que esta escrita pode ser aceita e entendida, pode gerar compreensão na esfera digital, desfazendo a crença imposta, principalmente pelas instituições de ensino, de que apenas a notação escrita “correta” pode ser entendida.
Assim podemos entender que essa linguagem utilizada no blog é adequada ao propósito comunicativo do meio digital e, portanto não se configura como erro, os “variacionistas” entenderiam como formas de identificação e interação grupal. A escola deve necessariamente abrir espaço para a diversidade, para a multiplicidade de interpretação dos signos, para a interação dos sujeitos – produtores e coprodutores dos significados.
Caiado, Roberta Varginha Ramos. A ortografia no Gênero Weblog: Entre a escrita Digital e a Escrita Escolar. In: Internet & ensino: Novos gêneros, outros desfios/Júlio Cesar Araújo (Org.)- Rio de Janeiro: Lucerna, 2007. pp. 35-47.
